Pelo menos 20 de um grupo de 80 pessoas feitas reféns por militantes do grupo extremista Boko Haram em Camarões no final de semana foram resgatadas, segundo autoridades locais.
Mas os demais reféns - muitos dos quais são mulheres e crianças - foram levados pelos extremistas para acampamentos controlados por eles no nordeste da Nigéria.
O Ministério da Defesa dos Camarões disse que as pessoas resgatadas foram soltas depois de as tropas camaronesas "terem perseguido os militantes, que estavam a voltar para a Nigéria".
O sequestro é um dos maiores já realizados pelo Boko Haram fora da Nigéria e desperta temores de que o grupo extremista islâmico esteja a expandir a sua actuação.
O grupo tomou o controle de cidades e aldeias no nordeste da Nigéria e tem causado preocupação nos países vizinhos - no mês passado, postou um vídeo online ameaçando o governo camaronês.
O Chade, que também faz fronteira com a Nigéria, acaba de enviar dezenas de milhares de soldados para ajudar os Camarões a combater os militantes. E a França, que mantém presença militar no Chade, disse que ajudará com a colecta de inteligência sobre actividades do Boko Haram.
Os sequestros deste fim de semana ocorreram nas aldeias de Maki e Mada, no extremo norte camaronês.
A polícia do país afirmou que os militantes chegaram às aldeias no início da manhã de domingo, quando o céu ainda estava escuro. E, além de sequestrarem os moradores, incendiaram dezenas de casas.
Não está claro como os reféns libertados se separaram do grupo principal. O governo camaronês não deu detalhes da operação militar, e nem as pessoas resgatadas nem os militantes comentaram a acção.
Reação continental
Na sexta-feira, o presidente de Gana, John Mahama, disse que líderes africanos discutirão nesta semana planos para "lidar de forma permanente" com o Boko Haram e sugeriu que se avalie a criação de uma força multinacional.
Níger e Camarões têm criticado a Nigéria pelo seu fracasso em conter o grupo extremista. Correspondentes da BBC explicam que os políticos nigerianos parecem mais ocupados com a campanha das eleições de fevereiro do que com questões de segurança. Tanto que autoridades raramente comentam a insurgência islâmica do nordeste do país.
Ao mesmo tempo, o Exército nigeriano não tem conseguido impedir a conquista de territórios no país pelos insurgentes.
Os sequestros em Camarões ocorrem poucos dias após o Exército do país ter dito que matou 143 militantes do Boko Haram, acusados de atacar uma das suas bases perto da fronteira nigeriana.