O governo moçambicano e a União Europeia (UE) estão a mobilizar recursos para intervenções sustentáveis na rede rodoviária danificada pelas cheias e enxurradas na província central da Zambézia
Para o efeito, a delegação da EU, em Moçambique, e o governo decidiram usar um projecto actualmente em curso na zona das enxurradas para responder imediatamente, mas de maneira sustentável, às necessidades das populações a nível de infraestruturas rodoviárias, mobilizando recursos do Fundo Europeu de Desenvolvimento, podendo atingir 10 milhões de euros.
Informações do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), divulgadas na terça-feira, indicam que as chuvas intensas na província da Zambézia já causaram a morte de pelo menos 117 pessoas em todo o país.
O universo de pessoas afectadas também subiu de 90.463 (equivalente a 20.494 famílias) para os actuais 157.172 (32.711 famílias), sendo a província central da Zambézia a mais afectada com 124.381 pessoas.
O agravamento da situação, não obstante o abrandamento considerável das precipitações nas regiões centro e norte, causou, por conseguinte, um aumento do número de pessoas acolhidas nos Centros de Acomodação, que actualmente ronda os 50.357 (11.682 famílias). O aumento é quase o dobro se comparado as 6.328 famílias (29.815 famílias) da actualização feita semana passada.
Além de centros de saúde, casas e escolas destruídos, as cheias provocaram sérios danos à rede rodoviária na província da Zambézia, que tornaram a Estrada Nacional 1 (EN1) intransitável, deixando populações e distritos isolados e sem energia eléctrica. As zonas mais afectadas são os distritos de Mocuba, Namacurra, Nicoadala e Maganja da Costa.
“Perante esta situação e de maneira a responder imediatamente à crise humanitária que se vive na zona, a União Europeia e o Governo da República de Moçambique, através da Administração Nacional de Estradas, estão a mobilizar 10 milhões de Euros do Fundo Europeu de Desenvolvimento para proceder a reparações urgentes em vários pontos da rede rodoviária: na estrada nacional nº 1, entre Mocuba e Nampevo, ponte de Licungo, ponte sobre o rio Muluavi, pontão de Nampevo e ponte sobre o rio Namilate”, lê-se num comunicado de imprensa citado pela AIM.
Os fundos para esta intervenção estão a ser disponibilizados no âmbito do projecto de Desenvolvimento Integrado do Corredor de Milange-Mocuba, que teve início em 2010 e entrou na 2ª fase em 2014, com 81 milhões de euros, em zonas próximas das áreas afectadas pelas enxurradas.
Com esta acção, a UE e o governo moçambicano pretendem reconstruir com maior qualidade as infra-estruturas destruídas, de maneira a dar uma resposta duradoura à crise e a evitar danos futuros.
O Chefe de Cooperação da União Europeia em Moçambique, Eng.º Enrico Strampelli, desloca-se a Mocuba a 27-28 de Janeiro de 2015, acompanhado por um representante do Gabinete do Ordenador Nacional do Governo da República de Moçambique para o Fundo Europeu de Desenvolvimento, assim como um Representante da Administração Nacional de Estradas, para visitar as zonas afectadas e onde decorrerão as obras.
“A nossa intervenção tem como objectivo responder à aflição das populações cujas vidas foram transtornadas pelas cheias. No entanto, não se trata apenas de uma resposta de emergência. A nossa intenção é de trazer soluções de engenharia moderna e sustentável à altura dos desafios trazidos pelas alterações climáticas a países vulneráveis como é Moçambique. Vamos reconstruir, sim, mas vamos sobretudo reconstruir melhor', explicou Strampelli.
Desde 14 de Janeiro 2015, as equipas e engenheiros que estão no terreno começaram a responder às necessidades mais prementes na EN1 a norte de Mocuba. Os trabalhos iniciaram na zona da ponte no rio Licungo, continuando em direcção ao Norte. A circulação sobre a ponte de Lugela já foi restabelecida e trabalhos de limpeza estão a decorrer no trecho que liga à sede distrital de Lugela.
Por sua vez, o serviço Europeu para a ajuda humanitária ECHO está a monitorar a situação e a mobilizar três milhões de euros para uma resposta de emergência às cheias em Moçambique, no Malawi e em Madagáscar.
Estes fundos são destinados a apoiar as populações mais afectadas com abrigos, água e saneamento, reabilitação dos meios de subsistência e apoio logístico na entrega da ajuda humanitária.
(RM/AIM)