Michelle Obama desafiou as leis locais e a tradição da Arábia Saudita ao não cobrir a cabeça com um véu durante a visita oficial do presidente dos EUA, Barack Obama, para as condolências à família real saudita pela morte do rei Abdullah.
Segundo o matutino “Jornal de Notícias” (JN), a televisão pública jordana resolveu o problema de uma forma drástica, "pixelizando" a imagem de Michelle. O tratamento, grosseiro, dado às imagens deixa Barack Obama acompanhado por uma espécie de fantasma enquanto cumprimenta o novo rei da Jordânia, segundo um vídeo colocado no Youtube.
Segundo ainda aquele matutino luso, Nail al-Jubeir, director de Informação na embaixada saudita em Washington, nos EUA, negou a censura à primeira-dama dos EUA, que apareceu em alguns vídeos no Youtube.
"A TV saudita mostrou toda a cerimónia no aeroporto e no palácio, e em momento algum a imagem foi pixelizada", disse Nail al-Jubeir, citado pela agência de notícias económicas norte-americana Bloomberg.
A Arábia Saudita segue uma vertente do islamismo que faz uma interpretação literal do Corão (o livro sagrado do Islão). O reino inclui, nos seus padrões de conduta, a imposição do uso do hijab (ou véu) a todas as mulheres, por forma a cobrirem os seus cabelos. Há mesmo quem decida optar por um niqab, um véu mais escuro e que, para além dos cabelos, também cobre o rosto.
As mulheres estrangeiras não são obrigadas por lei a seguir as mesmas regras que as locais, mas espera-se que cubram os corpos em sinal de respeito pela religião do país. Michelle Obama vestiu roupa larga e cobriu completamente os braços, mas deixou o cabelo a descoberto durante a cerimónia de condolências, levando muitos islâmicos a questionar a opção.
O "tablóide" britânico "Daily Mail", escreve que alguns dos homens da comitiva do novo rei da Jordânia, Salman, recusaram-se a cumprimentar a primeira-dama dos EUA, em desacordo com a falta de véu.
Sauditas interrogam-se por que motivo Michelle não usou véu, como fez, por exemplo, quando visitou a Indonésia, o maior país muçulmano do Mundo, ou quando foi recebida pelo Papa Francisco, no Vaticano.
A atitude de Michelle Obama é bem vista pelos críticos da Arábia Saudita, um reino onde as mulheres não podem conduzir, abrir contas bancárias ou andar em público sozinhas.